segunda-feira, 25 de julho de 2011

ausência

Gouveia, 23 de Julho de 2011
Querida avó,
Faz hoje dois anos, estávamos todos reunidos para te prestar uma última homenagem, faz hoje dois anos que toquei pela última vez a tua mão e olhei o teu rosto que naquele momento parecia que havia sido esculpido em cera. Passaram-se dois anos mas sinto como se tivesse sido ontem, ainda sinto o frio da tua mão na minha, ainda sinto os abraços de conforto, as lágrimas de tristeza que vi serem derramadas e que ainda hoje percorreram o meu rosto mais uma vez. Sinto falta das tuas palavras, daquelas que estavam sempre presentes quando mais precisava, e daqueles momentos de silêncio que só nós conseguíamos ter, em que mesmo sem qualquer troca de palavras sabíamos ao certo o que cada uma sentia, a dor, a felicidade, a tristeza e a saudade. Todas as viagens para te ir ver, para te ir apoiar em todo aquele sofrimento, não foram em vão, nunca foram, e hoje mais do que nunca entendo isso, se não fossem essas viagens talvez não fizessem dois anos da tua ausência mas talvez um pouco mais, nunca saberemos... Dei por mim sentada em frente à tua fotografia, a olhar para ela e a tentar entender o que sentes, tentar ver se recebo a resposta a tantas perguntas que ficaram por responder, mas nada disso é suficiente, todas as tentativas foram em vão, e então dou por mim a enxaguar as lágrimas que me caiem dos olhos mais uma vez, sinto a tua falta, a sério que sinto, queria que me tivesses visto crescer como dizias que ia ser, como dizias que me ias apoiar em cada passo que eu desse, mas foi inevitável. Agora restam memórias que a cada dia que passa desvanecem cada vez mais, por vezes sinto que ouço a tua voz mas é cada vez mais longe. Quero-te aqui perto de mim, novamente, nem que seja apenas para nos olharmos em silêncio e reflectirmos sobre tudo o que a vida nos dá. Amo-te avó e nunca te esquecerei.
Eternamente tua,
MarianaCoito.


sábado, 16 de julho de 2011


estava deitada, a ler, e dei por mim a chorar. talvez por dor, talvez por felicidade, nem sei ao certo, talvez por preocupação, pois nos últimos dias é o único sentimento que me transmites. todas as tuas incertezas, todas essas mentiras, para ela, para mim, para ele, para aquele e aquela e mais outros tantos, não entendo o que se passa, não entendo o porquê de existirem tantas nuvens á minha volta quando na realidade está um dia fantástico cheio de luz e sol. não entendo, simplesmente não entendo. o que é o amor? para que serve? o que é amar na realidade? porque é que o fazemos? acreditava seriamente que sabia a resposta a estas perguntas, a sério que acreditava, mas essa tua atitude por vezes faz-me voltar atrás e pensar que por vezes as respostas a estas perguntas estão erradas ou simplesmente precisam de algumas correcções, pontuação, erros ou simplesmente modificar um pouco as expressões utilizadas. o que sei é que essas respostas vão ter sempre de ser alteradas a cada dia que passa, pois há duas razões pessoas para as pessoas mudarem, uma porque aprendemos imenso e outra porque fomos magoadas demais, e por essas razões o que por vezes é escrito ou simplesmente idealizado muda de um dia para o outro.
contigo aprendi, aprendi muito mesmo, mas também sofri e bastante, talvez por isso, tenha mudado também bastante e se por vezes sentires que já não conheces a pessoa que está á tua frente, é normal, as tuas acções também tiveram resultado nos outros que estavam envolvidos na história.
pensa, pensa que talvez seja bom esta minha mudança, pensa que talvez seja bom conheceres este meu outro lado e me ames num todo, não apenas a parte inocente que conheceste á uns anos atrás. Por agora digo-te apenas isto e um até logo, pensa e verás que tenho razão no que digo. Amo-te

sábado, 9 de julho de 2011

uma confissão

confesso que pensei que seria mais fácil manter-me longe de ti, subestimei este sentimento, mais uma vez considerei-o mais fraco do que ele é na realidade. embora sinta que é o mais correcto neste momento, ao mesmo tempo pego no telefone e marco o teu número, deixo tocar duas vezes e do outro lado ouço a tua voz, aquela voz calma e reconfortante que me havia ligado á cerca de dez minutos a pedir desculpa por estar a quebrar este pacto que fizemos mas precisava de ouvir a minha voz. embora não o tenha dito, mas eu também sentia o mesmo, o meu coração pedia o suave toque das tuas palavras, e talvez por isso te devolvi a chamada que terminaste após aquele parágrafo que eu inconscientemente decorrei. talvez tenha sido um erro, mas eu não sinto que isso seja verdade, o meu coração ficou mais calmo após esta longa chamada, talvez ele também sentisse a tua falta, talvez ele mais do que eu pedisse a tua presença como no passado. ele, o meu simples coração, pequenino mas sabe amar-te melhor do que ninguém, pede-te a cada segundo que passa e quando sente a tua presença pára como se quisesse de alguma forma parar o tempo para que não pudesses partir novamente. ele pede a tua presença e a cada dia que passa eu concordo cada vez mais com ele. Amo-te

domingo, 3 de julho de 2011

Desculpa


Desde que saíste não consigo parar de chorar, o batimento do meu coração está a mil. Estou tão farta dessa tua maneira de ser, tão farta de teres sempre de passar por cima de todos para poderes atingir o melhor foco no palco. Farta de dar o meu melhor em tudo e receber apenas um ''ela fazia melhor'' ou então apenas mais uma ausência sem razão aparente. Farta das crises que temos porque eu te peço algo e tu reclamas por estar a fazer esse pedido, quando tu pegas nas minhas coisas usa-las como se das tuas se tratassem, como se tudo o que se encontra á tua volta fosse teu. Estou farta de juntar o dinheiro para as minhas coisas e tu vires e ficares com elas, farta de tudo mesmo. Pedes-me beijos, abraços ou até mesmo palavras bonitas, mas não é isso que eu tenho vontade de fazer não agora. Eras o meu orgulho, eras. A cada dia que passa esse véu de perfeição que eu encontrava em ti e me fazia ter orgulho de ti está mais levantado. Talvez sinta saudades tuas quando não estás aqui, talvez, mas infelizmente sinto-me melhor sem ti aqui, tem dias que tu apenas me fazes sentir triste. Não devia ser assim. Tu mais do que ninguém deverias apoiar-me quando mais preciso. Desculpa se estou a ser errada mas, neste momento, é tudo isto que eu sinto, e sinceramente, já não o consigo guardar apenas dentro de mim.